21 de novembro de 2006

Grãos de Vida

Granular.
Granjear afectos na outonal estrada
da vida.

Pestanejar nas montanhas
brunidas de afecto
e solidão aldeã.

Costumar aventurar-se
pela noite, pela neblina matinal
nas peróxidas divagações.

Mortificar-se de terror e paixão
nas sombras das medas,
nos regatos marulhantes,
nas eiras... e os cães a latir,
as ovelhas a balir, e o lobo...
difícil de ouvir o seu uivar!

Permanecer em casa, à lareira,
aguentar o frio com sete cobertores,
com um rádio a tocar, o chá a fumegar

Atirar lenha para a salamandra,
esquecer o solstício de Inverno.
Esperar a manhã e o seu pão quente
com manteiga.
Oitenta e cinco por cento de sabor
lipídico, algum sal, para dar alento
a mais um dia de vida.

Emergir da neve, derreter com os seus
sapatos e um sol miudinho.
Preparar a papelada, esgrimir argumentos
e libertar o cérebro de emoção.

Socorrer-se das memórias,
inventariar partidas e regressos
nos interiores sensíveis da
nossa visão policromática,
amar uma terra, um país.

Sublinhar a letra a traço grosso
retrato abundante e singelo
de um manancial de sensações
granuladas na pretérita
estação dos sonhos.

2 Comments:

Blogger Aladdin Sane usou da palavra

[tocarucar]

a RUC é algo de extraordinário, o frémito do experimentalismo aliado ao deleite no éter. Dai-nos senhor o eterno deleite.

24 novembro, 2006 21:53  
Blogger Aladdin Sane usou da palavra

E as caminhadas nocturnas, as noites da "full moon madness", imaginam-se do lado de dentro das casas o sobressalto pelos passos ouvidos "lá fora". O frio que se aguenta por hábito, que se entranha pelos ossos. É esta a nossa rija têmpera.

24 novembro, 2006 21:59  

Enviar um comentário

<< Home