6 de agosto de 2006

Ler é o melhor lemédio

Há uns dias atrás vi na 2: (o canal mais quadrado da nosso espectro televisivo, ou como li n`"O Independente" há uns anos, a RTP-nível-médio-de-audiência-dois) às seis da manhã a reposição de um "Sociedade Civil", apresentado pela Fernanda Freitas. Para não escandalizar o resto do mundo, vi o programa em silêncio, o que até foi bom. Soube mais tarde que oito pessoas viram a 2: àquela hora; cinco delas eram seguranças que estavam a mandar SMS de conteúdo variado para o Chat do teletexto SIC, mas que ao fazerem zapping permaneceram na 2:.

Bom, o tema do programa foi: "O que lemos nas nossas férias". Vi Sua Eminência Prado Coelho exibir despudoradamente "Nacional e Transmissível", um volumoso (refiro-me à obra) livro de crónicas sobre "elementos genuinamente portugueses", para além de "O Silêncio de..." de Rui Chafes; no resto do tempo, EPC gesticulou e sorriu veementemente, imune ao escândalo.

Maria João Lopo de Carvalho também lá estava: devido à hora, confundi-a no início com a Leonor Silveira, ainda que não tão verticalmente expandida, passe o politicamente correcto. (Manuel de Oliveira é para muitos um Mestre do cinema actual porque cometeu a proeza de enquadrar a Leonor Silveira nos planos dos seus filmes.) Entretanto Maria João LP também acenava à turba ávida de referências literárias com livros: recordo-me de "O Fio da Navalha", de Somerset Maugham (claro, como poderia esquecer esse título, com o meu passado perturbado por episódios relacionados com cortes?). Lembro-me também de "Fazes-me Falta", de Inês Pedrosa (será um livro sobre mulheres que amam demais?). Ainda me recordo de ver uma reportagem com pessoas a ler, o que me fez lembrar aqueles documentários do National Geographic.

Mas logo desliguei o televisor. Tanta conversa sobre livros e isso para quê? Há tanto tempo que já sei qual será o meu livro de férias! Trata-se de "Equador", de Miguel Sousa Tavares. Adoro aquele livro! Ofereceram-mo no ano passado e foi óptimo levá-lo para a praia - várias tias fizeram o mesmo - porque é perfeito para apoiarmos a nuca quando estamos deitadinhos na areia, tem as dimensões ideais para tal desiderato. Só que este ano ficou ainda melhor! Comprei uma capa plastificada transparente do Snoopy que o envolve a toda a volta, para que não suceda como no ano passado na praia, em que uma onda mais atrevida me molhou a toalha e, suponho, algumas páginas da obra. Pelo menos este ano estarei a salvo de sobressaltos desses. Mas agora, para me redimir perante os vossos olhares de boca aberta com tanta falta de cultura, aconselho-vos a leitura de "Siddhartha", de Hermann Hesse, que li recentemente. É uma comédia ao melhor estilo da revista "Xis", do Público.

É este o conselho literário de "Maria Pernilla" para este Verão!