17 de julho de 2006

Sinfonia para Ti

Prelúdio. Eterno.
Vaga-lumes no deserto

A poeira das estradas
assenta-me no caminho

Início. Fuga modal.
Precipícios sem fim

O atolar dos sentimentos
nas urbanas paixões

Primeiro andamento. Adágio.
Marulhar de silêncios

Perspicaz lembrança
dos corpos conspurcados

Segundo andamento. Allegro.
Agitação interior

No devaneio dos limites
da augusta sapiência

Terceiro andamento. Vivace.
Perigosa sedução

Espreito na orla do bosque
para a nudez juvenil

Término. Majestoso.
Cópula consentida

O sangue, o suor e
as lágrimas da despedida

Ocaso. Andante.
Sozinho nas dunas.

O Mar, onde me afogo
lentamente com saudade

5 Comments:

Blogger Bel usou da palavra

Nuinguem morre de amor ou saudade por isso embora na boca de um poeta fique lindo afogar se no mar de saudade se transportarmos para a vida soa a falso.
boa semana

18 julho, 2006 11:50  
Anonymous Anónimo usou da palavra

odeusdamaquinaOra bem, agradeço a crítica, respondendo-lhe que se não é a poesia, o teatro, o cinema, a música a criar a ilusão metassemiótica, nada nos resta, neste mundo senão a irresistível realidade nua e crua, que parece ter cada vez mais adeptos.
Num mundo globalizado, massificado, em que não se destrinçam diferenças, somente com o fingere (a ilusão cómica, como diria Corneille), podemos extravazar para mundos plenos de criatividade, esperança, sensibilidade, humanidade.
Por isso, é a sensibilidade de cada pessoa que determina o que é falso, o que é ilusão, o que é bom, o que é mau.
Soa-me a falso a realidade trágica das guerras fratricidas no Líbano, Palestina, Timor, no nosso dia-a-dia comezinho e imperturbável, em qualquer parte do mundo.
Só a arte, a educação, a cultura, no seu sentido lato poderão fazer a transformação dos humanos.

18 julho, 2006 16:37  
Anonymous Anónimo usou da palavra

Já agora, à guisa de entendimento, embora os poemas não se expliquem, lêem-se!, se reparares, eu afirmo
"...Onde me afogo lentamente
COM saudade", ou seja, ele não se afoga (não morre) de saudade,mas com saudade. Tal como pode-se morrer com ternura, com raiva, pode-se morrer pensando ou sentindo imensas coisas, embora morrer DE, já é outra coisa. Neste caso, ele morreu de afogamento, explicando de um modo mais fisiologico-tanatológico (ou seja, os estudos de Medicina Legal) pode-se dizer que morreu de paragem cardio-respiratória.
Um ser humano estabelece sempre na sua comunicação interna, três estados:
- O que diz, o que pensa, o que sente.
E isto é muito importante, pois o ser humano é assim um manacial de contradições e é muito mais volátil do que aquilo que nos é dado apreender à primeira vista.
Desculpa, mas tive mesmo de esclarecer este assunto.
Não é pela poesia em si, é pelo que tomamos como certo, sendo no fundo, todas as coisas bastante incertas, fugazes, difíceis de ajuizar num impulso.
Inté!

18 julho, 2006 17:09  
Blogger RPM usou da palavra

olá amigo!

li a notícia do Tom de Festa no Jornal de Tondela....

infelizmente ainda estou por cá. Estarei por tondela entre 1 e 31 de agosto, com algumas/muitas interrupções, mas continuarei a colocar os meus textos e pode ser que nos vejamos pela Acert. Ok?.....

Bom programa como é natural....

abraço e até agosto

RPM

19 julho, 2006 22:13  
Blogger Trilby usou da palavra

Ó meu deus! Devias postar estes comentários. Dão um óptimo texto. E estou a falar a sério.

31 julho, 2006 01:32  

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