2 de junho de 2006

Poemas obscenos e indigentes no maldito estio que nos consome de fome

Foda-se!
Não percebo isto!
Estou farto de artistas a armar ao pingarelho,
mas que nem sabem como se escreve pentelho!

Entrei naquela sala e só vi infantilidades,
vaidades e ambição de subir na vida
por qualquer preço, por qualquer cama,
por qualquer corpo emprestado pra
conseguir ter um lugar.

Foda-se!
Percebo muito bem!
Imaturidade grupal, pois sozinho
seria o abismo do mundo
Ah! Seres tão oprimidos, tão sensíveis
e imutáveis flores de estufa.

Já chega deste pacóvio sentimento,
de ser um artista efeminado e
ostracizado pelos demais.

Foda-se!
Vou para casa,
deambular por aí dá-me sede,
nem que seja de sangue
e heresias por ressuscitar.

Pronto! Já estou mais calmo!
Já sacudi todo o fel para a
estrada das boas maneiras,
agora resta aos bons
resvalarem por ela!

Foda-se!
Poemas obscenos
numa noite quente
em que a entropia
dos corpos é insuportável!

Quanto mais quente, pior!
Prefiro a neve e o gelo,
o frio e as sombras
que contrastam com esta
plácida e parva estação do ano!

1 Comments:

Blogger Aladdin Sane usou da palavra

E ENTRE DOIS VEZES DOIS E B-A BA
Nós mijavamos a assobiar contra o muro da escola
Os mestres tapando a boca
VOCÊS NÃO TÊM VERGONHA Nós não tínhamos

Heiner Müller
(trad. Adolfo Luxúria Canibal)

02 junho, 2006 23:56  

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