10 de fevereiro de 2006

Sobre vivências do Olhar

Sexta-feira negra dos diademas
Opúsculos inexoráveis
na solidão do olhar

Terna é a noite
nas esquinas da paixão
as folhas caídas anunciam
Garrett e os escritos
de uma outra margem

Alcanças a vagamente
etérea luz dos aflitos
a sombra partilhada
noutra dança

O refúgio está no teu coração
selvagem, na temporal
caristia dos vislumbres
adocicados

Salva-se a onomantopeia
da crueldade
a fugaz linha do horizonte
marcado em linhas tangentes,
aderentes em elipses profundas

Ah! Fantasias do olhar,
do sabor a mel dos pássaros
da semi-obscuridade do teu corpo,
da tua juvenil aura de predadora
dos sentidos

Perdi-me nos vaga-lumes
da incensa e mordaz altivez
na cálida, secreta e frenética
atracção dos corpos lânguidos

Encontrei-me!
Cheguei a casa envolto em névoas
por apagar,
em sonhos por percorrer
em doces degustações
das opíparas sílabas
dos lábios desmesuradamente
enormes

E aquele sabor do teu sorriso
que me transforma num deus menor,
numa inusitada constelação
numa poeira de fragmentos
encantados no horizonte
do teu amar inquieto e brando

Socorri-me do teu abraço
para sobreviver!

3 Comments:

Blogger Bel usou da palavra

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

10 fevereiro, 2006 12:40  
Blogger Bel usou da palavra

Não nos devmos socorrer do nosso coração ele é a metafora mais mentirosa que conheço.

10 fevereiro, 2006 12:40  
Blogger odeusdamaquina usou da palavra

Amiga, não costumo responder ao que escrevo, mas parece-me pertinente. Quando se escreve, apenas se cria uma nova realidade, cria-se um novo horizonte de ficção, de fingere. Ou seja, não tomes por realidade a escrita, nem autobiográfica, nem real. Apenas são filmes que passam por uma tela, a do meu cérebro, das memórias, dos odores. Poesia é isso! E, se tivermos de nos socorrer do nosso coração, não faz mal! A falsidade (a mentira) também gera conflito, logo é criadora, é renovadora, é feita de vida! E a vida também tem estas contradições e momentos maus!

11 fevereiro, 2006 13:56  

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