3 de fevereiro de 2006

Memórias de um Corpo

Primavera dos destroços
noite gélida, carcomida
Os humanos não suspendem o olhar
na margem viva da alegria

Insinuações do infinito
plácidos plátanos
correntes concorrentes
rasgam rugosas recordações

Doença, lassidão dos sentidos
Calma na tarde quente dos
afectos molhados
Suores frios, termodinâmica
dos sentidos
Amplitudes vasoconstritoras
do nosso coração

E a mão, que desenhava
grossos lábios, torturas
ao entardecer
Os tubérculos percorrem-te
os alvéolos pulmonares

É a tosse do infinito,
a decadência do espírito:
Jazem abandonadas velhas
preces rumorejantes
e um silêncio indecifrável

Diamantes lapidam
olhares ternos, fugidios
Anatomias variadas
de percursos tracejados
a carvão

Estás cansado!
Na implosão das estrelas
revês o teu corpo
imagético, abandonado

Sublimas-te nas paixões
etéreas, no animal que há em ti
na amordaçada fera
que, ensimesmada
dá festas ao seu leito frio

Acordas na orla dos sonhos
que tecem flamejantes odores
de uma vida vivida, plena de emoções!

6 Comments:

Blogger JL usou da palavra

Este é um espaço muito versátil. Muito bem.

04 fevereiro, 2006 11:35  
Blogger Aladdin Sane usou da palavra

É versátil, volátil, dúctil e por vezes fracturante. Aqui há basculamento, mantos de carreamento, aqui há pranto e ranger de dentes, há a sarça ardente que nos cospe os mandamentos. Andamento, andamento!

04 fevereiro, 2006 17:04  
Blogger Bel usou da palavra

E um belo poema! Traduz ma noite parece me muito agitada!

05 fevereiro, 2006 18:35  
Blogger Zeca Campos usou da palavra

man, tens que me apresentar a daama

06 fevereiro, 2006 04:28  
Anonymous Anónimo usou da palavra

Essa da sarça fez-me lembrar o Ruy Belo, esse sim, grande poeta. A Margem da alegria é um desmesurado poema de todos nós. A ler, ou a ouvir com imensíssima atenção, em CD, dito por Luís Miguel Cintra e Luís Madureira. Boas leituras e boas audições.

06 fevereiro, 2006 16:40  
Blogger k7pirata usou da palavra

Eh Lecas!
;)

07 fevereiro, 2006 18:13  

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