11 de janeiro de 2006

Maximilian Hecker


Foto Michael Tewes

Foi há 3 anos que comprei o CD de Maximilian Hecker – “Rose”, o seu álbum de estreia, após ouvir dois temas no “Indiegente” da Antena 3 (então aos domingos à noite). Tive de comprar o álbum! “Never Ending Days” não me saía da cabeça.

E acabei por comprar aquele que se tornou no meu álbum favorito, tendo sobrevivido a todas as bandas que a dada altura passaram a viver em simbiose com o meu leitor de CD.

Hecker vive em Berlim; na sua música predomina uma melancolia (exagerademente?) romântica algo out of time, mas que interpreta e orquestra (ele tocou todos os instrumentos na gravação de “Rose”) de maneira sublime. As suas músicas aproximam-se amiudadas vezes do mau-gosto, do exagero, da parolice. São de um romantismo exacerbado, impregnadas de um dramatismo extremo, género “Tu não me amas, minha querida, por isso hoje vou tirar-me a vida”, apoiado por frequentes falsetes. Mas a sobriedade e a magnificente elegância dos arranjos resgatam-nos da banalidade e tornam-nos belos.

De “Rose” destaco o soberbo “
Never Ending Days”, I Am Falling Now” , “Rose” e aquela que é a mais “carta-de-suicídio-adeus que-me-vou-deste-mundo” das suas canções, “My Friends” – quando ele canta “Leaving is my only choice, will you cry for me?”, logo o som do piano é abafado por um ruído catártico e opressivo, quase insuportável mesmo. Curiosamente, “Daylight”, que também passou no dito programa de rádio é o tema menos bom do álbum, uma deambulação não muito bem conseguida no campo da electrónica.

E só agora me “chegou às mãos” “Infinite Love Songs” e, claro está, ando a ouvi-lo compulsivamente, principalmente os dois primeiros temas, “
Polyester” - uma apetência para títulos incomuns? “Rose” abria com a bela (canção) “Kate Moss” - e “Sunburnt Days”, mais duas esplêndidas ba(da)ladas, que de tão bem compostas e arranjadas se tornam na quintessência da “simplicidade apurada” (ou aparada?).
Neste álbum Hecker não resiste a experimentar o formato de algumas composições: “Infine Love Song” torna-se um tema dançável (a ousadia!), e “Green Nights”, ultrapassada a resistência das primeiras audições, revela-se um tema menor do artista (o que não significa que seja mau, apenas demasiado poppy). E já anda por aí "Lady Sleep", o seu último trabalho...

Não sei se a minha opinião mudará quando conseguir o devido distanciamento (que não o brechtiano – não consegui resistir!) relativamente a este álbum. Torna-se ainda difícil compará-lo com “Rose”. Poderei dizer algo quando me desamarrar dele.

5 Comments:

Blogger Zeca Campos usou da palavra

...já estou a descarregar oportunamente direi a minha opinião.

12 janeiro, 2006 02:17  
Blogger Bel usou da palavra

concordo contigo!A musica tem o poder de nos transportar para um terreno bem mais seguro.Grand parte delas parece que foi feita a pensar em nós.

15 janeiro, 2006 16:04  
Anonymous Anónimo usou da palavra

Também concordo contigo. Mais: Se a música, o teatro, a arte, a educação e a cultura forem a pensar somente em nós, no nosso umbigo, nas nossas contas bancárias, então não temos arte, porque não estabelecemos uma relação de comunicação. Sem públicos, sem emoção, sem aquele lastro que nos impregna de sensações em conjunto, sem aquele impacto da comunicação bilateral, não temos arte!

17 janeiro, 2006 11:52  
Blogger Zeca Campos usou da palavra

Olha Língua o instrumental até que é cool, mas a voz acho um pouco lamechas.

27 janeiro, 2006 18:45  
Blogger Aladdin Sane usou da palavra

Sim, pode ser lamechas... mas é tão fixe!!! Mas é para se ouvir se vez em quando... Abraços

28 janeiro, 2006 16:40  

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