18 de agosto de 2011

Fazes-me Falta!

Fazes-me falta! Tenhas o nome que tiveres.
Sejas mulher ou homem, criança ou idoso,
fazes-me falta ao meu mundo. Ou dito por
outro prisma, sou eu que falto no mundo
dos outros. Sou eu que estou em falta na
cerimónia noctívaga e primordial do amor
na vida dos outros. As minhas deambulações
em peregrinação solitária da morte, são
sempre um arreigado vislumbre da vida
em abraços consentidos. Deixo os corpos
dos amigos nas marés da virtude e eu
vou-me congratulando pelo existir
silencioso e rude nas faldas do deserto
em que me encontro. Tomara que me
encontrasses satisfeito e feliz na verdade
tão desejada pela grande maioridade das
vozes que destilam em goles suaves a
felicidade, a feliz cidade do sossego.
Eu estou na idade dos porquês e do
desassossego do mar, talvez seja uma
feliz idade do Platonismo crónico.

Por ora, depois deste parágrafo e
espaço para respirar, para ouvir
o silêncio, volto a ti, ser humano
que me faz falta na redoma de
vidro em que me encontro.
Para quebrar esta mono tonia
dos meus sonhos, uma palavra
basta, um olhar, um sorriso de
morte na vida precária e oscilante
com que me apresento. Quebra,
parte minuciosamente e em cacos
as amarras do isolamento e entrega-te
ao vislumbre da emoção. Sem medos,
arriscando tudo e apostando ao
máximo no cavalo esplendoroso da
vida mais ignominiosa que existe.


Fazes-me falta, sejas lá quem fores!
Aceito-te, na palavra dada, no traço
riscado ao longo do horizonte pejado
de amor. Entrego-me, na surdina do
desejo nacarado de saudade e alegria.