30 de junho de 2007

Um título é sempre irrelevante, ou irreverente?

Tibieza perene
leve circunstância de te olhar
Não encontro as palavras certas
para a minha demência

Vagueio na imensidão da curva
limite luar da perscrição ontológica
Rasuro as faldas do limite convexo
aproximo mutilações na carne

Sedento de oceano e lodo
a crispação demorada e breve
Marulho na calota polar
frio abundante dor narcísica

Pétalas de nevoeiro
Ocaso anticlimal
Morte em debandada
Pronúncia cerrada e carcomida

Adstringente corpo
Olfacto limbo da poesia
Recrudesce a maresia
enleada na lassidão pura

Bem-me-quer o teu rosto
Praia iluminada e concisa
Regaço eficaz, rota traço
trajecto fugaz, línha oblíqua

Persistência da Escrita
Memória da pintura
Acéfalas vozes
Desengano e Caminho

Alma desfigurada
Contornos a ocre e chumbo
Peso-pluma da moldura
enviesada do teu corpo

27 de junho de 2007

Apetecível Sílaba

Como foste capaz de salgar o mar numa sílaba apetecível?
Rumores da náutica maré dos esconssos batéis apetrechados de cardumes de vida.

Em que bolandas deste cor às nuvens entrecortadas de ventos vindos do Norte?
Pátria dos vulcões orlados de cinza telúrica, esparsas madrugadas do ódio.

Petrificado qual estátua de Lot, voltaste-te ainda na primavera dos destroços.
Sodoma e Gomorra enclausuradas na hedónica salsugem dos corpos férteis.

Numa outra latitude, as pérolas são divididas pelos reluzentes e anafados porcos.
Trituras a seiva do teu prazer em estiletes de prata e dor,
misturados no soro melífluo dos sentidos.

Voltas à terra, voas sobre o mar e no lodo das paixões efémeras soçobras de inacção.
Quantas voltas o mundo tem de dar para sugares a inquietude do dia?

Na selva das palavras, rasuras a erva daninha, o excesso de devassidão de imagens.
Como foste capaz de saborear a apetecível sílaba em salgados versos?

26 de junho de 2007

Carta Breve

No torvelinho da saudade
a mala-posta dos teus anseios
suave carta a deambular
nas faldas agrestes da Serra Azul

Entre vales e frechas, vislumbras
o falcão peregrino, grifos e uma cegonha
preta, raridade por estas bandas

Desceste da estrada luzidia
e amparaste-te naquele menir
prova do teu passado, da tua
servil mágoa da humanidade

Abriste a sacola, puxaste do pão
de encontro ao teu peito, cortaste-o
em fatias e socorreste-te do teu queijo,
infantil memória curada nas mãos dos teus avós

Saciaste a fome de vida no naco salgado e supremo
Beberricaste da garrafa fresca e de odor evasivo
Retomaste o percurso do olhar transfigurado

Rota que puxa pela tua memória,
preenche os cinzentos da tua dúvida
e chega cansado e lesto na madrugada
virgem, sedenta de novidades

Do outro lado da escuta, o anseio húmido
por uma missiva breve, mas autêntica.
Abres o sobrescrito, retiras a carta, lês:
- Olá amor! Arranjei uma amante!

25 de junho de 2007

A Escola da Noite - Coimbra

Hoje falo-vos d' "A Escola da Noite", uma Companhia de Teatro das mais importantes do país ao nível profissional. A Escola da Noite só surgiu em 1991, o que pode parecer estranho, mas o Teatro em Coimbra já existe há muitos anos, fruto do trabalho desenvolvido no TEUC - Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra, com o contributo maior do Prof. Paulo Quintela, uma referência incontornável no teatro do séc. XX, no tempo da ditadura. Surge em 1938 o TEUC, que desde essa data faz um teatro de repertório, com peças nunca antes vistas em Portugal. Em Coimbra o teatro universitário dominou desde sempre as lides teatrais, por isso a inexistência de grupos profissionais. Mas Coimbra teve sempre teatro, especialmente os estudantes, professores e residentes na cidade do Mondego viveram esta euforia teatral. É bom recordar este passado, lembrando que este é o grupo universitário mais antigo em Portugal, ainda em actividade. Por isso, consultem o site http://www.teuc.pt/ para saberem tudo deste grupo e o que actualmente anda a fazer.
Outra referência que surgiu depois é o CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra, que nasceu em 1954, também com a mesma vontade de mostrar novos textos, novas encenações. Podemos dizer que o CITAC é uma companhia mais experimentalista, mais virada para a contemporaneidade, ao passo que o TEUC explora mais os grandes clássicos da literatura universal.
E é com estes grupos de influência universitária, sempre com o desejo de apresentar mais e melhor teatro que surge A Escola da Noite, hoje uma referência nacional. Tal deve-se ao espírito e saber do seu director artístico desde a data da fundação, António Augusto Barros.
Com a Capital Nacional do Teatro de 1992 a ser realizada em Coimbra, estes elementos juntaram-se para formar uma nova Companhia de modo permanente.
Desde aí, muitos espectáculos e o reconhecimento por parte do Ministério da Cultura em 1995 e da Câmara Municipal. A partir de 1996 passam a ter espaço próprio, o Pátio da Inquisição, que se prolonga até 2003, data em que passam para a Oficina Municipal de Teatro, no âmbito da Capital Nacional da Cultura - Coimbra 2003.
Actualmente, estão em vias de mudar de casa novamente, com a proposta do Teatro da Cerca de São Bernardo, no renovado Pátio da Inquisição. Infelizmente, a Câmara Municipal e a Companhia têm estado em diferendo há já alguns anos, tendo uma relação bastante difícil, com avanços e recuos. Para saberem mais, visitem http://www.aescoladanoite.pt/
(Na Imagem: Espectáculo "Matéria de Poesia", 2006)

19 de junho de 2007

Emergir do sonho

Mergulho no horizonte fechado
Vácuo, limite sensorial da dor
Perco-me na neblina ausente
A magnólia da tua infância

Dislates, plúmbeas vozes em regicídio
Mortes fulcrais na ignomínia de um povo
e o presente adiado em futuros pomposos!

Do passado distante fiz poesia
a ignara voz dos duendes alimentados
na tenebrosa e invisível saudade.

Volto à tona de um mar nupcial
sonoras ondas de prazer inusitado
Encontro-te na chuva breve
O jasmim do meu breve sonho!

A vida como televisão

Eduardo Lourenço, in Jornal de Letras 957 (06 de Junho de 2007)
A nossa geração esperava que com o «fim da Utopia», quer dizer, com o fim da ilusão não apenas de que a História é portadora de um sentido que nós apreendemos podendo modelar o nosso futuro em função dele, mas que o «estado do mundo» fosse mais aceitável do que o que acabámos de viver até à implosão da União Soviética. É não é o caso. Os amanhãs do fim da utopia são tão inaceitáveis como o foram os do século passado. Isso não significa que estejamos vivendo qualquer objectivo «fim da história». Significa apenas o fim da história como a si mesma transparente.
Este facto pode e deve ser vivido como positivo, mesmo se nos deixa nus. Podemos mesmo vivê-lo como um grau superior de lucidez se estivermos à altura dos desafios que a morte das antigas utopias mortíferas também significa. É mais aceitável saber que não existe Sentido algum para a marcha humana, salvo aquilo que ela mesma fabrica com a sua irresistível vontade de compreender e dominar o mundo – o da natureza e o seu próprio para a si mesma se compreender.
Uma leitura «metafísica» do estado do mundo é menos interessante – ou até inviável do que a consideração mais óbvia de que o estado do nosso mundo se distingue de todos os que nos precederam, não tanto pelo grau de caoticidade histórica, política, ética, religiosa, cultural e social que o caracterizam como pelo facto de que esse caos é o anverso do sucesso no limite do ainda inimaginável de uma manipulação hiper-racionalizante de todos os conteúdos da experiência humana ou dos dados sobre que se funda. Este controle da nossa vida em todos os seus aspectos esteve sempre a caminho, pelo menos no Ocidente, mas o grau de auto-manipulação que nos caracteriza autonomizou-se a tal ponto que na verdade, nem tem verdadeiro sujeito. A acção genética é só o símbolo da auto-manipulação da Humanidade por si mesma. Nada nos escapa e, paradoxalmente, a título humano não somos donos de nada. O famoso «estado do mundo» é pura exterioridade. Funciona não como um super-ego (o antigo Deus ou as suas monstruosas contrafacções) mas como uma sociedade infinitamente anónima.
De uma maneira concreta, o estado do mundo é o nosso mundo como televisão: um céu e um inferno portáteis ao nosso alcance, noite e dia. Numa recente crónica n’O Público Nuno Pacheco fala de uma mulher do Butão, onde a televisão acaba de chegar e que vive e dorme literalmente colada a ela a todo o instante. É a melhor imagem do estado do mundo que se pode imaginar. Esta nova forma de vida virtual é uma autêntica novidade. É a imagem da nossa civilização como subproduto da mais fascinante das invenções, aquela que, na aparência, como já o era a fotografia, não nasceu para nos fazer esquecer a realidade, mas para conservar a efémera realidade dela. O efeito foi inverso: nós preferimos a virtualidade à realidade. A autêntica realidade, por exemplo, a da inamovível miséria, torna-se irreal pelo seu tratamento televisivo, e o crime, além de irreal, evapora-se pela sua contínua sublimação tornada rentável pela mesma tradição. É uma espécie de escândalo obsoleto e absoluto de consumidores angélicos da pura e inexistente virtualidade.
E a Cultura? Quem a escreve ainda com maiúscula, se não a título paródico ou póstumo? Durante séculos não teve nome. Foi a sua idade de ouro, a de Homero a Dante. Depois, foi uma longa vigília e combate com e a propósito da esfinge da realidade, foi a da sua idade da prata, de Cervantes a Flaubert, que a «odiava» (a Realidade), e nesse combate inventou a primeira versão da virtualidade como realidade, quer dizer, a Literatura. Quando os horrores reais e neles a ainda realíssima existência a suplantaram, só a fuga para a virtualidade pura nos consolou ou nos serve de refúgio. O «estado do mundo» como jogo permanente é a vida como televisão. Eficaz, nenhum horror real (tsunami ou serial killer apocalípticos) tem o condão de nos acordar. A única caverna verdadeiramente platónica (a televisão) continuará a emitir quando já não houver ninguém para a contemplar. Só a fuga para a virtualidade pura nos consolou ou nos serve de refúgio. O «estado do mundo» como jogo permanente é a vida como televisão.
Ensaísta, escritor, Prémio Camões

18 de junho de 2007

GICC - Teatro das Beiras, da Covilhã

O GICC - Grupo de Intervenção Cultural da Covilhã nasceu em 1974 com o desejo de uma intervenção cívica e cultural de um interior esquecido, subdesenvolvido e sem alternativas culturais. Desde sempre com a carolice dos irmãos Sena - Rui e Fernando - constituiu-se como um grupo amador com uma intervenção na região e nas políticas da Beira Baixa como de enorme e denodado valor.
Após muitos anos a porfiar, e com a ajuda sempre importante da Universidade da Beira Interior para o renovar e fixar de populações mais jovens e dinâmicas, surge em 1994 a profissionalização, um desejo que se foi burilando desde o início, mas que nesta fase era a ideal para concretizar tal projecto arrojado. Uma companhia no interior profundo deste Portugal centralista e litoralizado, como que inclinado para um afundanço fatal no Oceano Atlântico. Para saberem mais da Companhia podem ver o seu site: www.teatrodasbeiras.pt
De lá, tirei este parágrafo: "O trabalho regular e sistemático com o público da região cumpre uma missão de serviço público na democratização do acesso aos bens culturais, no qual nos orgulhamos de participar, mantendo um projecto de criação artística activo e preocupado numa cidade do interior. O número de espectáculos apresentados no espaço nacional, a convite de várias Instituições de promoção e divulgação cultural, atestam o facto desta companhia, comparticipar activamente no crescimento qualitativo verificado na produção artística nacional. O Teatro das Beiras é sem complexos um projecto de descentralização para a região da Beira Interior que assiduamente mostra o seu trabalho por todo o país."
Um grupo onde já visitei a sua sede e o seu pequeno teatro estúdio, mas que opera milagres. Só possível graças a tremendo esforço e vontade profissional. O sonho do teatro renasce aqui todos os dias! Conheci Fernando Sena, o director artístico e também encenador, que é de uma qualidade humana notável.
De referir que o próximo trabalho é uma encenação de Graeme Pulleyn, que já esteve à frente dos destinos teatrais do Teatro do Montemuro. Chama-se "Piratas. O Mistério de Maria de La Muerte", de Graeme Pulleyn e Helen Ainsworth.
Em Novembro/ Dezembro realizam anualmente o Festival de Teatro da Covilhã, onde companhias de todo o país e também estrangeiras visitam a Cidade dos Lanifícios, com desejo renovado de voltarem. Sempre que forem à Covilhã, não deixem de conhecer o trabalho do Teatro das Beiras.
Prá semana, descendo "por este rio acima" teatral, aportamos a Coimbra, para falarmos da "Escola da Noite", uma boa escola de teatro no Centro do Portugal, no Cerne da Universidade e do saber académico. Até lá, bom teatro por esse país fora!

17 de junho de 2007

Sôfrego Lutador

Abomino-me!
Na ausência clara do amor.
Destruo a consciência enevoada
das madrugadas insones de solidão.

Perco o medo do estio, da aragem matinal
vou por aí às escondidas da sorte
e abraço a intempérie na cidade,
corroída fronte de desejos

No lodaçal das paixões
sou consumido pelo nauseabundo
desprezo das mulheres vulgares

Escorraçam-me do brilho etéreo
das noites glamorosas com
bonitas e selvagens mulheres

Na posse da maresia,
única companheira fiel
soçobro nas marés do medo
e acordo na longa manhã da espera

Fímbria inaudível do mar
oculta sorte e desamparo
corro pela enseada voraz
do crivo materno e ausente

Soluço nos teus braços fortes,
Mãe! Ocupas-te da terra
e dos feridos da guerra.

Eu sou o teu último guerreiro
vivo, lutador sôfrego da ilusão
perdido nas batalhas do sonho.

15 de junho de 2007

Dor Crónica - Esta Doença da Escrita.

É uma dor embriagada que me corrói. Cansa! Dói escrever em todo o meu corpo. Cansa-me os braços, as mãos, o cérebro que, de alucinado na sua correria, trespassa todos os muros, todas as barreiras. Por vezes estatela-se no chão, fica arranhado, sangra e resfolega de suor cansado.
É assim o meu corpo! Perene, invisível na manhã nevoenta, sem abrigo e sem chapéu. Morde a língua no meu cais de sal. Assombro na madrugada. Fico cansado. Tenho de parar por dias, às vezes semanas. Mas a seiva cresce e tem de escorrer por todos os poros quando não aguenta mais! Por isso solta-se: travo amargo e sincopado. Dura tragédia do existir, do ver, sofrer com, morrer contigo. O poeta encalha no esteiro vazio, na manhã infiel da agudizada dor dos vivos.
Os que não possuem, os que não soletram a despedida breve de uma eternidade. Propus-me casar contigo, letra insossa do meu olhar, porto de abrigo do meu silêncio intrépido. Aos 16 anos, já resfolegava na torrente dos afectos, na ribalta do acaso simbólico e tímbrico das palavras.
Rei sem roque nem dama de companhia, percorria inusitado as caves e becos da literatura, pedaços escondidos, abertos aos poucos que lhes querem tirar as rugas da lombada, o pó de uma maquilhagem secular. Perdi-me em histórias de desencantar, em historietas e contos, lendas de um passado castrejo, altivo, feérico.
E eu que me perdesse, nas rias de novelas e ficções heróicas. Depois, os poetas de uma vida, o Portugal profundo de homens que passei a admirar. Também as mulheres, claro, deusas eternais e sinceras, musas daqueles abraços sempre por dar. Vontade de tocar, de experimentar toda a novidade do mundo. Com a minha beatitute e inibições, fui deslizando anos de vida em interioridade prazenteira, ensimensmada. Fui feliz, sabem? Ri tanto comigo e de mim próprio, besta bestial e humilíssima. A descoberta das frases, das palavras, deu-me a vontade de ser um escritor ambulante, das rotas das especiarias da literatura. Sonho aqui, pitada de ilusão acolá, e com mão sapuda e abundante, muita verdade, realismo, verismo nas desconexas frases. Depois, muitas viagens, da mente, do olhar, dos sabores e cheiros, dos corpos. Dos dias excelsos, das vaidades fingidas, dos futuros pintados da cor da dúvida.
Assim cresci e resisti! Às doenças, aos frutos serôdios e mais que maduros e quiçá apodrecidos na lassidão dos dias enfezados. Muitos dias de ausência, sem ninguém me ver, perdido comigo, perdido na aprendizagem das escolas, mas também na vida. Sempre a estudar, a querer aprender a ser homem, mas a esboroar a paciência dos familiares, dos amigos, dos amantes incautos e surpreendidos. Fiz escolhas, segui pisadas de risco e turbulência. Ainda não cheguei a lugar algum. Ainda me perco no olhar de quem me queira compreender e amar. Amo tão delicadamente a natureza como o pássaro ama a sua liberdade.
E agora? Porquê tanto alarido? Tantos caracteres escritos, tanta inquietação, tanta vontade de dizer algo! Que surpresa me reservo a mim mesmo? Que fantasia paira no ar, no teu cabelo?
Talvez a amargura de nada ter vencido, nada augurar de bom, não para mim, para os outros, por sentir fugir a areia fina da idílica praia ensolarada e vazia, só para nós, para os amigos da paixão, do desejo, da memória, do sonho feito com saudade.
Confusos? Também eu! Confuso na minha impassível e desconhecida escrita, nos lugares labirínticos que quase ninguém quer conhecer. Escrita oca, vazia de conteúdos?
Que mundo procura o sucesso? Que mundo procura a arte e o amor?
Procuro a voz perfeita, a calma, o sorriso ingénuo, a maresia com sonho!
Procuro-te sentido desperto, memória infinita, poesia com a diferença de seres tu: eu mesmo!

Culture Club - assim mesmo, em cima do joelho

A menos de três horas do início do "Viseu a 15 do 6" aqui se anuncia o "Viseu a 15 do 6", a primeira edição de uma festa que porá Viseu em polvorosa neste fim-de-semana de 15 do 6. Conheça toda a programação - incluindo as alterações de última hora, devidas às condições atmosféricas - no sítio do Teatro Viriato. E faça soar a buzina. Destacam-se os espectáculos das 22 horas de hoje e Sábado, transferidos para o Largo Mouzinho de Albuquerque - em frente ao Teatro.

Hoje: Cordel do Fogo Encantado, Pernambuco, Brasil


Ainda esta noite, Daltonic Brothers (VJ`s) & Dezperados (DJ`s), às 3h00 no Bar NB (atrás da Câmara Municipal)

Amanhã, às 22h, "Mountain Tales", Bulgária, Rep. de Tuva e Mãe Rússia


Imagem extraída daqui

Boas Festas, com buzinadelas.

6 de junho de 2007

Ramal do Mundo

Brandir amor
o passado distante
nas juntas metálicas

traços carris lúmen
a aragem do vale
circunspectas vozes

Há um vagão iluminado no teu rosto
o cimento armado do teu corpo
é a iluminura perfeita da candura

Analiso a periferia da saudade
corro abraço a lua de sal
na língua do desejo renascido

Toco o teu pescoço alvo e frio
suda-me o lábio em ogivas de prazer
e a língua escorreita na tua boca

Amo-te lentamente e aos silvos
quero-te possuo-te tenho-te
na obrigação do amor supremo

Dou-te o mar em ondas desavindas
abarcas a paixão efémera
nos braços de um amante angustiado

Carnal e veloz sinapse dos sentidos
a esfera do medo foi ultrapassada
estamos agora na baía da felicidade

Troços ramais horários
glória dos dias santos
deus corpo máquina

metade sibilina da tua memória
rugosas preces ao infinito
amor quente ebulição dos sentidos

Pátria libidinosa de imagens
percorro a vastidão do meu mundo
na criativa carruagem dos sonhos

1 de junho de 2007

Aquilo Teatro da Guarda

Continuando pelo nosso país Teatral, aportamos à Cidade mais elevada do País, a Guarda, no alto dos seus 1056 metros de altitude.
A Guarda tem desde há alguns anos uma Companhia, a Aquilo Teatro, que faz a cultura da região. O grupo cresceu e desenvolveu-se com o aparecimento do Instituto Politécnico, com a criação de alguns auditórios (o da Câmara Municipal) e com os dinheiros do Ministério da Cultura. No entanto, ultimamnete não têm recebido subsídio, desconhecendo eu a razão de tal atitude. Ou por não concorrerem, ou pela diminuição da qualidade dos espectáculos. Só ambas as entidades o saberão. Também o aparecimento do Teatro Municipal da Guarda, excelente estrutura e com uma boa e regular programação, deveriam dar alento à Companhia, mas parece que foi o inverso, pois chegam ao TMG muitas produções de fora, e poucas feitas pelo Aquilo Teatro. A rever esta situação, pois a bela cidade da Guarda merece ter uma companhia a produzir continuamente. Os Egitanenses (naturais da Guarda) têm direito à cultura e a reverem-se nas suas tradições e raízes culturais que o Distrito possui.
Página do Teatro Municipal da Guarda www.tmg.com.pt
Aquilo Teatro não possui um site, mas têm um blog onde divulgam os seus espectáculos:
www.blog.comunidades.net/aquilo o último espectáculo chama-se "Rosbif de Anfíbios" e é o resultado de textos de Mário Henrique Leiria, nos seus "Contos do Gin Tónico".
Como nota de rodapé, fica aqui a divulgação de uma companhia do Distrito de Aveiro, que deveria seguir-se à Efémero, que foi referenciada na passada semana. O Grupo em causa, sedeado em Estarreja, é o ACTO - Instituto de Arte Dramática, cujo responsável é Luís Filipe Pereira. O Acto trabalha desde 1992 sob a técnica de Grotowski, a expressão do corpo e dos movimentos segundo este teórico/encenador do Teatro Laboratório com sede em Wroclav, na Polónia. No entanto, o grupo parou em Outubro passado, devido ao desgaste do projecto. Grotowski é demasiado arriscado e difícil de executar. A Companhia não acabou, está em fase de reestruturação e criação de um novo conceito e talvez um novo nome, uma nova estética. Quando reaparecerem, farei a duvulgação na hora. Até lá, podem consultar o site www.acto.com.pt
Boas consultas e bom teatro. Para a Semana descemos o país até à Covilhã, distrito de castelo Branco, onde vamos encontrar as boas e simpáticas gentes do Teatro das Beiras - GICC (Grupo de Intervenção Cultural da Covilhã).
Viva o teatro, sempre! No litoral e especialmente no interior!